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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Atendimento Psicológico On-Line

    Hoje na faculdade fui surpreendido com uma informação interessante: O CFP (Conselho Federal de Psicologia) aprovou desde 2005 (e eu só fui saber disso agora) o atendimento (utiliza-se uma diferenciação conceitual e técnica para ORIENTAÇÃO)  psicológico ONLINE.

    Segundo Rosa Farah, coordenadora do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática, "o objetivo [do atendimento online] é orientar e aconselhar a procurar ajuda de um profissional, se for o caso. Algumas pessoas só precisam de um acolhimento para seus problemas e não necessitam de um trabalho mais próximo".

   Os ATENDIMENTOS PSICOTERÁPICOS, conforme Resolução 012/2005 devem ser de caráter experimental e, consequentemente, gratuitos. Enquanto que demais serviços como 

    Para os demais serviços vale destaque os Artgos 6º e 8º da referida resolução:
Art. 6º. São reconhecidos os serviços psicológicos mediados por computador, desde que não psicoterapêuticos, tais como orientação psicológica e afetivo-sexual, orientação profissional, orientação de aprendizagem e Psicologia escolar, orientação ergonômica, consultorias a empresas, reabilitação cognitiva, ideomotora e comunicativa, processos prévios de seleção de pessoal, utilização de testes psicológicos informatizados com avaliação favorável de acordo com Resolução CFP N° 002/03, utilização de softwares informativos e educativos com resposta automatizada, e outros, desde que pontuais e informativos e que não firam o disposto no Código de Ética Profissional do Psicólogo e nesta Resolução (...)
  Art. 8°. É permitido aos psicólogos que prestam os serviços indicados no Art. 6° desta Resolução a cobrança de honorários desde que se respeite o Art. 20 do Código de Ética Profissional do Psicólogo que veda a utilização do preço como forma de propaganda.  

  As posições de prol e contra sobre o progresso desta modalidade divergem (pelo menos foi o que notei nitidamente em sala de aula hoje, hehe), mas uma coisa é inegável: TODO PROCESSO QUE GERA BENEFÍCIOS À POPULAÇÃO E ESTÁ EMBASADO EM UM PRESSUPOSTO TEÓRICO-CIENTÍFICO E NA ÉTICA É DIGNO DE INVESTIGAÇÃO.

    A tecnologia progride de forma considerável todos os dias e a Psicologia, enquanto CIÊNCIA e PROFISSÃO, pode (ou melhor, deve) se adaptar a essas novas modalidades da contemporaneidade.


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Indicações de leitura (clique na matéria destacada em azul):
Atendimento Psicológico online já é realidade no Brasil (reportagem do site de Notícias-Tecnologia da UOL).
Resolução CFP 012/2005 (sobre as atribuições do psicólogo enquanto prestador desta modalidade de serviços experimental)

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Luta Antimanicomial: Uma análise além do apelo emocional

    Se você é acadêmico de Psicologia já deve estar sendo bombardeado por eventos, textos, panfletos, videos, etc sobre o movimento de reforma psiquiátrica conhecido como LUTA ANTIMANICOMIAL. Mas, se você não está por dentro da história da saúde mental ou não é acadêmico de Psicologia, provavelmente, ficou um tempinho se esforçando para ler a palavra antimanicomial e ficou com uma curiosidade mínima sobre o assunto (Não se preocupe se você leu a palavra e a repetiu algumas vezes, particularmente, quando ouvi a primeira vez eu a repetia e ria por me parecer um trava-linguas, hehe).

    Esta postagem objetiva apresentar o que é a Luta antimanicomial, os "mecanismos" envolvidos nos antigos manicômios e a proposta desta reforma (de modo superficial, já que materiais sobre esse movimento é de fácil acesso). Se você é acadêmico deve estar pensando que esta postagem será mais um clichê falando da necessidade de tratamento humanitário para com os PORTADORES DE SOFRIMENTO MENTAL, entretanto, já os adianto: NÃO, não o é. Minha intenção com essa postagem é que leitor tenha uma visão dos elementos envolvidos sem nenhum apelo emocional em prol da luta. Se querem saber meu interesse implícito para com essa postagem, eu explico: Ficaria contente se você lesse essa postagem, pesquisasse mais sobre o assunto e desse um parecer CONTRA OU A FAVOR independente do movimento tendencioso e exclusivo do ser a FAVOR por ser a FAVOR. Se é contra a luta: tenha argumentos válidos, se é favorável: tenha argumentos válidos.

Dentre os tratamentos utilizados em um período
arcaico da psiquiatria, estava a lobotomia.
    A Luta Antimanicomial é resultado do II Congresso Nacional do Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM) acontecido em 1987. A proposta é basicamente conscientizar a população sobre as mudanças no tratamento do portador de sofrimento mental (usaremos a sigla PSM para esta classificação) e militar em prol  de políticas públicas coerentes com  Projeto de Lei 3.657/89 , conhecido como Lei Paulo Delgado. Caso queira saber mais detalhes de forma simples sobre a história da psiquiatria no Brasil, o MTSM e a Luta antimanicomial, clique AQUI.

    Deve-se deixar claro aqui que a Psiquiatria MUDOU CONSIDERAVELMENTE neste período de mais de 20 anos. Essas mudanças, provavelmente, são decorrentes de um análise de resultados, apelos político-sociais e progresso natural de métodos de tratamento (acho válido que dê uma olhadinha no site da ABP e analise os conteúdos da Psiquiatria moderna brasileira). Faço necessário essa colocação, considerando que uma crítica inconsistente que ouço em eventos na semana da Luta Antimanicomial é a de direcionar o alvo de falhas e de erros no tratamento do PSM na psiquiatria e/ou no TRATAMENTO MÉDICO (tanto que um nome alternativo para luta antimanicomial é o de MOVIMENTO DE DESPSIQUIATRIZAÇÃO).

    INSISTO: Em 20 anos MUUUUUUITA coisa muda.

Agora, vamos aos elementos que tornam o MODELO INSTITUCIONAL do manicômio ineficiente...

Hey Oh! Let's Go.


    Aposto que essa imagem externa do Manicômio de Barbacena em 1938 chocou muita gente que esperava ver um local todo f*****. Não é de se estranhar a surpresa: A maioria das pessoas são apresentadas imagens da instituição quando os objetivos institucionais FRACASSARAM.

     Lidar com postulações de INTENÇÕES do organismo ou grupo, como é o caso de nossa discussão aqui, é uma tentativa que costuma fracassar por: a) não temos acesso à comportamentos privados dos organismos e b) normalmente quando estabelecemos intenções, estamos apresentando mais sobre nossas "impressões" do que um método dedutivo. Então, só irei apresentar em tópicos os objetivos manifestos das instituições manicomiais:

1) Retomada dos comportamentos padrões do PSM;
2) Evitar que os comportamentos desadaptativos do PSM prejudiquem a maioria populacional;
3) Análise e estudo do comportamento destes sujeitos;
4) Gerenciamento de medidas e técnicas para estabilização de comportamentos bizarros;
5) Minimização de um "estado desconfortável" do sujeito e maximização do estado de saúde, enquanto conceito referente à comportamentos padrões comparado com a média.

     Uma proposta boa? Era realmente o interesse dos órgãos financiadores e políticos detrás disso tudo?
NÃO SEI. Mas, o ponto aqui e, diria que se tornou o ponto central desta postagem é apontar possíveis motivos do FRACASSO DO MODELO MANICOMIAL e não apresentar apelos emocionais sobre os tratamentos que aconteceram nos manicômios.

Os manicômios e suas falhas

Esse tipo de imagem que o pessoal está acostumado a ver:
os objetivos institucionais fracassados.
     Não sou um especialista na área, mas arrisco apontar algumas falhas visíveis no antigo modelo institucional do manicômio. Poderia ser mais minucioso nas postulações, mas isso delongaria a postagem e a tornaria mais cansativa.

a) Conceitos e classificações ineficientes (saúde). Conceitos e classificações são possibilidades de compreensão de fenômenos. O modelo manicomial ao utilizar a definição de saúde como comportamento comparado a média, ignorou um fator fundamental: TODO COMPORTAMENTO TEM FUNÇÃO VITAL para o organismo. Uma análise que objetiva reconhecer os comportamentos bizarros de um sujeito deve considerar essa premissa para alcançar eficiência e assertividade. 
    Nos manicômios, pacientes com diferenças substanciais nos padrões de comportamento eram instalados de forma unificada, provavelmente, havia o risco de confusão nos tratamentos, gerenciamento de medicamentos e atendimento por generalização. Ou seja, pacientes que foram institucionalizados por abstinência de álcool poderiam ser confundidos com pacientes com sintomas "maníacos" e receber tratamento incompatível. Resultado: Sintomas acentuados por falta de atendimento ou repetição de determinados procedimentos.
    Se os pacientes do manicômio apresentava todos comportamentos fora do padrão, todos eles podem ser tratados sobre a mesma premissa.

b) Alienação. O conceito de alienação utilizado pela AC é o de "organismo inerte as contingências". Os PSM ficavam muitas vezes "dopados". Não discriminavam estímulos OU por excesso de medicamentos OU por não ter possibilidades de encarar novas contingências. Resultado: Considerando que o organismo não precisava de adaptar à novas contingências, o sujeito vivenciava o "ócio".

c) Falta de treinamento para técnicos de gerenciamento do comportamento. Na ausência de profissionais de nível superior são treinados técnicos para gerenciamento do comportamento do grupo. Um exemplo de medidas de gerenciamento e treinamento de técnicos é a ECONOMIA DE FICHAS. Os técnicos, no caso dos manicômios, poderiam ser os enfermeiros ou voluntários, estes poderiam ser treinados para medidas de gerenciamento de comportamento e sobre os danos graves que aconteceriam no má gerenciamento por parte deles.

d) Ambiente físico inadequado e aversivo para população e funcionários. Devido ao má gerenciamento ou de condições financeiras suficientes, o ambiente físico se tornava "desagradável" para a população e aversivo para o repertório de comportamento "trabalhar eficientemente e ser reconhecido". Os problemas desse ambiente poderiam (já que não tenho dados para afirmações) fazer com que a população se desinteressasse por completo pela instituição (lembrando que o ambiente já era aversivo para a população ao longo da história devido a GENERALIZAÇÕES INDEVIDAS/estereótipos) e os funcionários fizessem do trabalho naquela instituição um mero ganha pão sem valor (situação similar é o que acontece gradativamente com o setor educacional).

e) Similaridades com o ambiente prisional. Em postagens anteriores em que falo sobre problemas no sistema prisional (aqui e aqui), apresento alguns pontos que tornam este sistema ineficiente. No sistema manicomial os mesmos pontos são verdadeiros e gritantes. Particularmente, acredito que se o sistema manicomial ainda estivesse em funcionamento como há mais de 20 anos atrás, ele seria muito parecido com o sistema prisional. A única diferença é que o CONTRA-CONTROLE não é, até onde tenho conhecimento, exercido nas instituições manicomiais.


Cena do filme "ÓPIO, diário de uma louca. Recomendo o filme.

    Acho válido encerrar essa postagem informando que esses pontos apresentados são uma tentativa particular em apresentar alternativas significativas que validem a ideia da luta antimanicomial, sem utilizar de apelos emocionais. Também é válido dizer que a proposta inicial da postagem ainda se mantem firme: se informe sobre o assunto e, independente se seu posicionamento é a favor ou contra: tenha argumentos válidos para tal.
    Apresentação de modelos para o tratamento do PSM também são válidas, mas não cabem para os objetivos teóricos desta postagem.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Falácias na argumentação: Uma ênfase na Psicologia

 
    Nesta postagem focarei mais em situações acadêmicas da PSICOLOGIA (me refiro aos exemplos), embora o tema tratado aqui seja válido para quaisquer ÁREAS DO CONHECIMENTO ou DISCUSSÕES que objetivam seguir a LÓGICA.

     Primeiramente, acho válido apresentar o que são FALÁCIAS e a importância de se policiar para não emiti-las, visto que elas podem DESCREDIBILIZAR sua argumentação e, pior, pecar contra a HONESTIDADE INTELECTUAL. Ainda neste primeiro momento, acho pertinente apresentar o texto que me ESTIMULOU a fazer esta postagem.

    Vou deixar que Luis Alberto WARAT (1984) fale sobre o que são falácias não-formais em um trecho de seu artigo "Técnicas Argumentativas na prática jurídica":

"(...) os lógicos usam a expressão “falácias não formais” para se

referirem aos raciocínios desprovidos de rigor lógico. Ou seja, ao conjunto
de afirmações obtidas transgredindo ou não considerando devidamente as
regras de derivação de um raciocínio lógico estrito".
    Para fins didáticos, utilizarei somente o conceito de FALÁCIAS,  referindo-se a essas falácias  que estão desprovidas de rigor lógico. Caso se interesse, para LER ou FAZER O DOWNLOAD do artigo do Warat, basta clicar AQUI.

    O texto que me estimulou a fazer essa postagem é a postagem no blog Psicológico intitulada "Teorias na Psicologia: quanto mais complexas melhor?". Nesta postagem, Felipe Epaminondas apresenta um problema de argumentação muito comum na Psicologia que é a crença de que as teorias de explicação do comportamento humano devem ser mais complexas que as demais explicações de fenômenos naturais. Em um texto curto e direto, Felipe defende que esse ESTEREÓTIPO é um tanto quanto errôneo. A postagem em si já denuncia uma falácia comum no ambiente acadêmico da Psicologia: Quanto mais incompreensível é um evento, maior é o nível de veracidade.

    Caso queira ler a postagem, na qual RECOMENDO MUITO, é só clicar aqui.

    Acho válido conhecer essas falácias e exemplos, porque muitas vezes nem nos damos conta de que estamos as usando e somos levados pelo "calor da emoção", sem nos comprometer verdadeiramente com o objetivo central da discussão: A divulgação e troca de conhecimentos. Além do mais, considerando que o ambiente acadêmico da Psicologia é marcado por constantes debates e discussões acerca de variados temas, conhecer tais falácias é uma ferramenta a mais para evitar contradições e erros lógicos gritantes.


Agora...

Hey Oh.
Let's Go!



Falácias e exemplos na PSICOLOGIA


Argumentum ad Hominem
Ao invés do argumentador provar a falsidade do enunciado, ele ataca a pessoa que fez o enunciado.
- "A análise do comportamento é insensível, e as pessoas que a defendem são frios e reducionistas".
- " A Psicanálise é prolixa, as pessoas que trabalham com essa abordagem não falam coisas com sentido".


Argumentum ad Ignorantium (argumento da ignorância)
Ocorre quando algo é considerado verdadeiro simplesmente pois não foi provado falso (ou provar que algo é falso por não ter provas de que seja verdade). Note que é diferente do principio científico de se considerar falso ate que seja provado que é verdadeiro.
-  O inconsciente existe, porque ninguém pode provar que ele não exista.


Argumentum ad Populum
Apelo ao povo. É a tentativa de ganhar a causa por apelar a uma grande quantidade de pessoas.

- A mente existe, porque todo mundo refere-se a ela em seus diálogos.

Argumentum ad Numeram
Semelhante ao "ad populum". Afirma que quanto mais pessoas acreditam em uma preposição, mais provável é a preposição de ser verdadeira.

- Considerando que há maior número de Psicanalistas no Brasil, ela é a abordagem mais coerente com a realidade.

Argumentum ad Verecundiam
Apelo a autoridade eminente [Essa é ótima. É a que mais vejo em TODOS OS CAMPOS CIENTÍFICOS, e na Psicologia não é diferente]

- Freud é o pai da Psicologia clínica, ele trabalhava com a Psicanálise e seus pacientes eram curados da histeria.
- Aaron Beck menciona sobre os pensamentos "desadaptativos", ele não pode estar errado. 

Dicto Simpliciter
Ocorre quando uma regra geral é aplicada a um caso particular onde a regra não deveria ser aplicada.

- Esquizofrênicos sempre emitem o comportamento de alucinar, Joana não alucinou, logo, ela não é esquizofrênica.

Generalização Apressada
É o oposto do Dicto Simpliciter. Ocorre quando uma regra especifica é atribuída ao caso genérico.

- As famílias, de modo geral, sempre possuem dentro de seu núcleo papéis estabelecidos como: bode expiatório, o sintoma, o segredo, o líder, etc.

Non causa pro causa / post hoc ergo propter hoc
Dois eventos ocorrem um após o outro. O primeiro é identificado como o causador do segundo quando não é o caso [Aqui mais outra fichinha muito comum]
- O simples fato de escutar alguém, já o cura de muitos de suas angustias. Marcos foi ouvido por um psicólogo e no dia seguinte estava mais calmo.


Cum hoc ergo propter hoc
Afirma que apenas porque dois eventos ocorreram juntos, eles estão relacionados.

- Sempre que começa o pôr do sol, os pacientes psiquiátricos apresentam comportamentos bizarros.

Petitio Principii
Ocorre quando as premissas são tão questionáveis quanto a conclusão alcançada.

- O tratamento com cromoterapia melhora a capacidade de concentração das pessoas, isso porque ela está relacionada com a recepção das 6 cores pelos poros do organismo.

Circulus in Demonstrando
Ocorre quando alguém assume como premissa a conclusão que se quer chegar [Por mais bizarro que esta falácia possa parecer, ela não é tão incomum quanto se pensa]
- Sabemos da existência do inconsciente porque as pessoas nem sempre sabem explicar sobre seus comportamentos. Se as pessoas não sabem explicar sobre seus comportamentos, o inconsciente controlou a ação.


Falacia da Pressuposição.
Questiona um fato assumindo um presuposto verdadeiro.
- Como os comportamentos podem ocorrer sem antes se passarem pela mente?


Ignoratio Elenchi
Ou Falacia da Conclusão Irrelevante. Consiste em utilizar argumentos válidos para chegar a uma conclusão que não tem relação alguma com os argumentos utilizados. [Acho que essa é o ápice da desonestidade intelectual. Vou até esforçar em apresentar exemplos que presenciei]

- As pessoas quando "distraídas" atravessam as ruas sem se notarem que um carro se aproxima. Isso ocorre devido á pulsão de morte que encaminha as pessoas na tentativa de auto-destruição.
- As pessoas relatam sentir dores de cabeça quando estudam demais. Isso ocorre porque a mente delas funciona rapidamente.
- Os seres humanos construíram casas, fazem arte, sabem se comunicar por palavras. Isso ocorre porque são MAIS EVOLUÍDOS que os demais animais.

Falacia de Composição
É o fato de concluir que uma propriedade das partes deve ser aplicada ao todo.

- As pupilas se dilatam na presença de um flash de luz (reflexo), logo, todo o organismo se comporta por ação reflexa.

Falácia da Divisão
Oposto da falácia de composição. Assume que uma propriedade do todo é aplicada a cada parte.

- Behaviorismo(s) só considera(m) o Estímulo-Resposta, logo, Análise do Comportamento e Behaviorismo Radical são reducionistas por delimitar tudo a S-R.

Slippery Slope
Este argumento diz que se um evento ocorre, então ocorrerá diversos outros eventos similares, sem prova que estes foram causados pelo primeiro evento.

- Se considerarmos que seres humanos estão sujeitos as mesmas leis naturais que os demais animais, também deveremos considerar que bater, matar ou colocar seres humanos em cativeiros é algo admissível. 
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Bifurcação
Tambem conhecida como "falácia do branco e preto". Ocorre quando alguém apresenta uma situação com apenas duas alternativas, quando de fato outras alternativas existem ou podem existir.
- Você é Psicanalista ou Behaviorista? 


Argumentum ad Antiquitam
Falácia que assume que algo é certo ou errado simplesmente por ser muito antigo, ou "pois sempre foi assim". [Um dos exemplos abaixo eu presenciei recentemente em uma discussão no Facebook e a outra em sala de aula]

- A Psicanálise é a mais velha, é a mais velha entre as abordagens existentes, não é necessário nem discutir sua validade.
- Não é necessário discutir isso com você, afinal, estamos falando de um conjunto teórico com um longo período de existência.

Argumentum ad Novitam
Oposto do ad Antiquitam. Assume que por algo é mais correto simplesmente por ser mais novo [É duro dar este exemplo, mas também já presenciei]

- A Análise do comportamento é uma ciência nova, logo, ela está mais coerente com a compreensão de ser humano.

Plurium Interrogationum
Ocorre quando se exige uma resposta simples a uma questão complexa.

- Está vendo? Você precisou explicar todos estes conceitos de tactos, mandos, auto-regras, etc. para explicar sobre o comportamento verbal, por que não assume de uma vez que isso é devido a formulação de representações mentais?

Reificação
Ocorre quando um conceito abstrato é tratado como coisa concreta.

- Existem diversas formas de controlarmos nossa mente, sabendo fazê-lo somos capazes de modificar o comportamento que quisermos.

Tu Quoque
Falácia do "mas você também". Ocorre quando uma ação se torna aceitável pois outra pessoa também a cometeu.
- Hey! Você está falando sem apresentar provas.

- E daí? Você também o fazia quando estava do nosso lado,

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A apresentação destas falácias foram embasadas neste material AQUI, a seleção dos que mais se aproximam com a realidade da discussão em Psicologia e seus exemplos foram selecionados por mim. Quaisquer dúvidas, sugestões, críticas e insultos fiquem livres para fazê-lo.

    

terça-feira, 15 de maio de 2012

Cisne Negro: Uma análise comportamental por Helio José Guilhardi [Download]

 

    Recentemente recebi de um amigo e aspirante a Ánalise do Comportamento um artigo, inicialmente, curioso e de fato, fantástico. Trata-se do artigo CISNE NEGRO: ANÁLISE COMPORTAMENTAL DE UMA TRAGÉDIA de Guilhardi.

    Guilhardi faz uma crítica sobre a visão generalizada das ANÁLISES MENTALISTAS de que Nina (personagem principal) sofre de um "surto psicótico". Enfim, o artigo é um material que é válido para COMPARTILHAMENTO ENTRE CINÉFILOS e/ou ASPIRANTES OU PROFISSIONAIS DA AC, já que apresenta UMA POSSIBILIDADE de compreendermos as obras cinematográficas por um olhar além do habitual.

   Ah, e ainda é válido para ESTUDANTES DE PSICOPATOLOGIA que necessitam apurar o SENSO DESCRITIVO E DE OBSERVAÇÃO de fenômenos nosológicos (patologias e sua classificações) ou pseudo-nosológicos.

Para baixar o arquivo em PDF clique AQUI!

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Trailer "Cisne Negro"

terça-feira, 8 de maio de 2012

A experiência da Prisão de Stanford





  
Quando se associa fatores filogenéticos, ontogenéticos e contingências
programadas: o ambiente carcerário.


   
     Recentemente, um colega de faculdade e amigo me indicou um FILME que de início me chamou muito à atenção pelo enredo e pelas cenas do trailer. O filme em questão era "The Experiment". Fiquei intrigado com o enredo do filme e com as rápidas cenas do trailer, mas a surpresa foi quando este meu colega falou sobre a base da obra cinematográfica: A EXPERIÊNCIA NA PRISÃO DE STANFORD.

    Diante disso, me senti na obrigação de escrever o mínimo sobre esse experimento que é válido para o pessoal interessado no ambiente prisional/carcerário e as alterações possíveis no COMPORTAMENTO humano.

O experimento 
"A nossa investigação, planejada para durar duas semanas, sobre a psicologia da vida prisional, teve que ser concluída prematuramente ao fim de somente seis dias devidos aos efeitos que a situação estava a provocar nos estudantes universitários que nela participavam. Ao fim de poucos dias os nossos guardas tinham-se tornado sádicos e os nossos prisioneiros deprimidos e com sinais de stress extremo".


    
     O experimento consistia no re-arranjo do ambiente acadêmico institucional em um ambiente com as mesmas variáveis do ambiente carcerário comum. Para tal, especialistas e ex-detentos foram convidados para ajudar na realização do ambiente experimental, fazendo com que este fosse o mais próximo da realidade possível. 

     Foram selecionados estudantes universitários que responderam ao anúncio-convite para a participação do experimento, posteriormente foram submetidos a ENTREVISTA CLÍNICA e TESTES PSICOLÓGICOS. Os selecionados eram 24 universitários do sexo masculino dos Estados Unidos e Canadá, estes receberiam 15 dólares por dia de experimento. A proposta era que a observação tivesse duração de 2 semanas.

    Os 24 universitários foram divididos em 2 grupos que foram estabelecidos por meio de sorteio. Um grupo teve como função COMPORTAR-SE como agentes carcerários, enquanto o outro grupo como detentos. O grupo de agentes deveria apreender e levar o grupo de detentos à prisão e realizar procedimentos que mantivessem a ordem da instituição fictícia. O interessante é que fizeram um re-arranjo tão fidedigno a realidade que viaturas, o flagrante, equipamentos e tudo o que tem direito na "vida real" foi providenciado, proporcionando com maior eficiência a GENERALIZAÇÃO das contingências reais às superficiais.

 

Da observação

    Como vou disponibilizar ao fim da postagem (em "Moral da História) o LINK DO SITE OFICIAL do EXPERIMENTO (disponível em vários idiomas, inclusive em português) vou adiantar a apresentação dos comportamentos observados.

     Os detentos, ao longo dos dias da experiência, (o experimento teve que ser abortado por motivos éticos e em prol da saúde dos envolvidos) começaram a ficar "deprimidos" e "submissos", além de apresentar tentativas de CONTRA CONTROLE por meio de uma rebelião. Alguns detentos também apresentaram taxas de frequência de comportamentos variáveis, desde COMPORTAMENTOS DESEJÁVEIS SOCIALMENTE, passando por "problemas dermatológicos psicossomáticos" (em determinadas situações, certos estímulos eliciam respostas que estão "inadequadas" as contingências até a inflação de regras básicas do experimento. Essas respostas "inadequadas" eliciadas, são o que, alguns psicodinâmicos chamam de manifestação psicossomática)

    Obviamente, o COMPORTAMENTO dos guardas também foi CONDICIONADO pelas CONTINGÊNCIAS experimentais. Estes por sua vez  "tornaram-se sádicos" (reforçados pela manifestação de sofrimento de outra pessoa), "extremamente autoritários" (abusavam das condições de controle) e com abuso de poder (controle de contingências extremamente reforçadoras para os guardas em detrimento de menor equidade destas contingências para os detentos / Tipo àquele conceito de justiça sendo burlado).


Moral da história
    
   NÃO, eu não vou contar os resultados do experimento. Podem me chamar de preguiçoso, mas faço isso para que vocês possam conferir na íntegra TODO O EXPERIMENTO e não saírem por aí falando que o experimento é desumano ou DEU ERRADO, como eu vi em muitos blogs que não se deram ao trabalho de ler todo o texto e nem de disponibilizar aos seus leitores.

Mas...

     Acho válido fazer alguns Levantamentos relevantes sobre a experiência

"A que contingências nosso comportamento é função?"
    Zimbardo (autor da pesquisa), posteriormente escreveu um livro chamado "O efeito Lúcifer". Esta obra provavelmente fala das etapas e procedimentos da experiência, associado à reflexões sobre a possível "natureza humana". Ela é boa? Ela é ruim? Ela é influenciável?. Bom, em todo caso, algo deve ficar claro TODO COMPORTAMENTO É ÚTIL PARA MANUTENÇÃO DA SOBREVIVÊNCIA. Ele não está lá por seguir um "instinto de bondade ou maldade", ele existe por SER FUNÇÃO e ter VALOR VITAL.

   Nesta experiência, destaca-se elementos que devem ser considerados em qualquer leitura deste processo. Alguns que me atentei ao ler sobre o experimento foram:

a) As contingências modelam o comportamento mais do que regras. Existiam várias regras que ambos os grupos deveriam seguir, entretanto, devido ao "gritante" das contingências, os grupos se comportaram regidos PELAS CONTINGÊNCIAS, enquanto as regras não foram suficientemente REFORÇADORAS ou AVERSIVAS para que controlassem o comportamento destes grupos;

b) O ambiente carcerário é reforçador para MUITOS profissionais "sádicos". Assim como muitas pessoas são reforçadas a ver cenas de assassinato de "criminosos" por uma generalização, profissionais que trabalham com a segurança das organizações carcerárias não estão "livres" desta generalização. Resultado: Agredir a população carcerária se torna extremamente reforçadora para profissionais mal treinados. Obviamente, em uma situação de Controle e total discrepância de equidade (relação igual entre duas partes), não é de se estranhar o surgimento de uma relação de contra-controle que perpetua por um longo período (se não for por toda a história do sistema carcerário) conflitos entre detentos e profissionais;

c) Pessoas não são boas ou más naturalmente. Elas simplesmente se comportam adequando-se as contingências. Muitos utilizam deste experimento para um questionamento sobre a "verdadeira natureza humana: boa ou ruim". Acho tal discussão prolixa e circular. A definição de bondade e maldade tem finalidades práticas e teóricas quando avaliamos sociedades isoladas em conformidade com a ética, se falamos de uma legitimidade e universalidade de uma espécie, definições por períodos e culturas isoladas caem no problema do reducionismo de informações;

d) Necessidade de mudança dos sistemas carcerários. Se considerarmos este experimento, associado ao referencial bibliográfico sobre o assunto, me pergunto o por quê de já não haver uma análise minuciosa do sistema carcerário em prol de um modelo mais efetivo e educativo?
 Não se trata de "dar moleza" aos detentos, mas sim de uma formulação mais eficiente de um problema que já é velho. Se conhece os erros gritantes deste sistema, no entanto, mantem-se o modelo tradicional. Acredito que a ANÁLISE DO COMPORTAMENTO tem um grande arsenal TEÓRICO-PRÁTICO a oferecer e uma possível reformulação deste sistema.



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Trailer do filme "The experiment" (Detenção - 2010):

Link do site da Experiência da prisão de Stanford para quem "não pegou" no decorrer do texto:http://www.prisonexp.org/portugues/

domingo, 6 de maio de 2012

O progresso nos estudos das Micro-expressões faciais


     As pessoas mais próximas de mim sabem de meu grande interesse por MICRO-EXPRESSÕES FACIAIS, assim como do estabelecimento de PADRÕES DE COMPORTAMENTO. 

     Esse meu interesse por padrões de comportamentos que pudessem estar relacionados com as EMOÇÕES aumentou consideravelmente quando conheci, superficialmente, o trabalho de Paul Ekman e Freitas Magalhães. O estudo das emoções e o estabelecimento de um PADRÃO entre COMPORTAMENTOS EMITIDOS e COMPORTAMENTOS ELICIADOS (Lembrando que comportamentos eliciados são os respondentes/pavlovianos, e estão ligados à contrações musculares, sistema endócrino, "valor de sobrevivência", etc) tem possibilidades de melhora na efetividade dos processos laborais em áreas como a forense, clínica e educacional. Considerando que estas áreas dependem, substancialmente, da compreensão dos comportamentos emocionais eliciados nos sujeitos.

    Diante disso, não poderia deixar de compartilhar com vocês o progresso dos estudos das MICROEXPRESSÕES FACIAIS pelo Dr. Armindo Freitas-Magalhães (psicólogo português que se destaca nos estudos das micro-expressões, mas especificamente o estudo das diferenças no sorriso) em uma entrevista para o canal português "Mentes que Brilham".