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sábado, 4 de agosto de 2012

Transplantes curiosos


    Há pouco tempo, uma amiga que se interessou por experimentos "diferentes" me mostrou alguns transplantes curiosos que, supostamente, aconteceram ao longo da história.

    Alguns destes experimentos não dá para se saber ao certo se são REAIS ou resultado de uma disputa tecnológica entre os EUA e a antiga URSS. No entanto, achei válido mostrar um pouco sobre estas curiosidades em uma postagem OFF da Análise do Comportamento, mas que pode ser do interesse do público em geral. Nesta postagem, falarei sobre dois destes experimentos: Transplante da cabeça de um macaco e retirada da cabeça de um cachorro.

Lembrando que experimentos assim não são mais aceitos na Ciência, devido a estipulação de Modelos Bioéticos recorrentes.

Hey Oh! Let's Go...

Transplante com cabeça de Macaco


    O Responsável por este experimento foi o Dr. Robert White. O intuito da realização desta pesquisa era mostrar a superioridade dos Estados Unidos no que concerne aos avanços médicos. Para tal, o Dr. White resolveu inovar com um experimento inédito: TRANSPLANTAR A CABEÇA DE UMA MACACO NO CORPO DE OUTRO MACACO.

   O experimento teve "certo êxito", já que o animal sobreviveu durante um período de UM DIA e MEIO e morreu por complicações cirúrgicas após este período. O médico foi fortemente criticado pela sociedade americana que achou o transplante chocante.

    Quando se pesquisa sobre informações pela internet, é comum ler comentários de que o animal aparentava ter ficado "zangado" com o experimento.

Veja um pouco sobre imagens do suposto experimento neste vídeo:

Cão em corpo mecânico

Cabeça de cachorro

     Quem tem um cachorro de estimação pode achar este experimento minimamente cruel, ainda mais quando olhado os videos do suporto experimento.

    Neste EXPERIMENTO que foi ENCABEÇADO (trocadilho infame, hehe) por Sergei Brukhonenko o animal teve sua cabeça RETIRADA e implantada em uma aparelho que mantivesse suas funções vitais. O animal reagiu há diversos estímulos o que representa o sucesso aparente do experimento.

    Diferente do experimento de White, este experimento deu credibilidade ao Brukhonenko por apresentar uma luz para a utilização de órgãos artificiais.

Veja o vídeo explicando sobre o experimento aqui:


Ou ainda...
Baixe este artigo que eu UPei no 4shared que me foi indicado por um grande amigo e estudante de Medicina (e futuro político influente, hehehe - eu tinha que falar isso).
Clique AQUI para o download.

    No mais, espero que isso tenha sido válido como uma informação histórica (real ou ficção) e que não se esqueçam de que a ciência progrediu ETICAMENTE muito neste intertempo dos anos 30 até hoje.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Inimputabilidade por Doença Mental [Parte 2]

    Anteriormente, na parte 1 do texto (AQUI), falávamos do conceito de INIMPUTABILIDADE e COMPORTAMENTOS ENCOBERTOS (ou privados). As definições destes conceitos foram centradas em uma única postagem para que, a partir de agora, observássemos somente o fenômeno em si. Não necessitando de mais conceituações.

    Vamos direto ao assunto.

Hey Oh! Let's Go...
 

    No exemplo do final da parte 1, Marcus trás algumas especificidades em formato de questões que serão colocadas aqui e que serão úteis para considerarmos como argumentação. Vejamos:

1º: O que os 3 casos tem em comum?
    Notem que todos os casos referem-se a um único evento: Casa dos pais de Marcus em chamas. O fenômeno nos três casos é unânime: Os pais de Marcus foram mortos e há um incêndio na cena do crime. 

2º: Qual a diferença nos 3 casos?
    Existem certas diferenças TOPOGRÁFICAS (nos referimos a modelos topográficos enquanto ESTRUTURA de algo. Como, por exemplo, a ANATOMIA de um organismo) nos três casos. O fenômeno acontece por falhas técnicas (caso 2), por assassinato seguido de "queima de provas" (caso 3) e assassinato por asfixia ao queimar a casa (caso 1). Todos estes casos são VISIVELMENTE diferentes e não seria difícil para a maioria de nós classificar os atos como "impensados", acidentais ou voluntários. Faça você mesmo: Leia os três casos novamente e classifique-os com estas definições. Acredito que, grande maioria não terá dificuldade de fazê-lo.

3º: Se eu classifiquei o caso 1 como voluntário, o caso 2 como acidental e caso 3 por impensado, estaria fazendo um julgamento do fenômeno coerentemente? Como poderia alguém errar algo tão óbvio?
    Provavelmente seu julgamento parte de um CONDICIONAMENTO "CULTURAL", na qual somos fortemente instruídos em nossa sociedade a emitir tais julgamentos. Essa classificação utilizada foi, possivelmente, baseada em uma TOPOGRAFIA do comportamento. O problema de tal "julgamento" é a omissão do fator mais sublime de quaisquer fenômenos: A FUNCIONALIDADE DO FENÔMENO (no nosso caso, a funcionalidade do comportamento).

Clique na imagem para ampliá-la.


    Neste esquema simplório que fiz, vejam que os comportamentos em sua ordem TOPOGRÁFICA são facilmente visualizados. Podemos facilmente classificar o REPERTÓRIO COMPORTAMENTAL de "Andar", "conversar" e "Chorar". Entretanto, classificação de mesmo nível não é possível com a FUNCIONALIDADE do comportamento. A razão, a contingência,  (os chamados MOTIVOS, INTENÇÕES. Funcionalidade é como se fosse a FISIOLOGIA de um organismo) que levou o organismo a EMITIR tal comportamento não são passiveis de observação direta. Informo que "não são passíveis de observação direta" é DIFERENTE de "não são passíveis de observação". Certo?

    Ok, Walison. Mas, qual a FUNCIONALIDADE de tantas informações que você está "botando" neste texto? 
 

    Boa pergunta, Sr. Zé. Espero que as informações tenham ficado claras, porque agora CONCLUO minha postagem com o motivo desse bombardeio de informações para levantar, de fato, minha nota de chamada.

... Finalizando.

     

    Não temos acesso aos laudos/Relatórios referentes ao caso. Isso faz com que a única coisa que possamos falar sobre o fenômeno ou fenômenos semelhantes é no campo hipotético. Entretanto, isso não é de todo ruim, já que modelos hipotéticos são o primeiro passo para formulações teóricas consistentes.

    Suponhamos que o sujeito na qual estamos nos referindo REALMENTE tenha um quadro nosológico que o classifique como inimputável...
    Nesta caso, o sujeito é classificado como inimputável por um único motivo: CRIAMOS UMA CLASSIFICAÇÃO PARA UM REPERTÓRIO COMPORTAMENTAL ESPECÍFICO E  PODEMOS DEFINI-LO COMO CATEGÓRICO DENTRO DA NÃO-COMPREENSÃO DO MESMO.

Não entendeu? Continue lendo.

   A definição de doença mental considera uma série de comportamentos socialmente "confusos" (podemos notar isso até mesmo em nosso POBRE referencial bibliográfico sobre Psicopatologia). Se falamos que um sujeito é portador de uma patologia denominada ESQUIZOFRENIA, usando como exemplo midiático pop, tenderemos a considerar que este sujeito apresenta um repertório comportamental "confuso" e incoerente com as contingências nas quais estão inseridas. Consequentemente, qualquer comportamento bizarro que o sujeito apresentar será aceitável por não compreendermos diretamente a base de tal comportamento.
   Se eu, que não sou portador de sofrimento mental (nomenclatura para o "doente mental), apresentar o comportamento de VER na ausência de um ESTÍMULO específico (comportamento de ALUCINAR, portanto, um comportamento bizarro) serei fortemente indagado sobre tal comportamento e, provavelmente, eu mesmo questionarei esse meu comportamento, já que NÃO TEMOS UMA "ENTIDADE" RESPONSÁVEL POR MEU COMPORTAMENTO. Entretanto, se o mesmo comportamento é eliciado (é eliciado por ser um comportamento respondente. Notem: estamos falando de visualizar) em um sujeito considerado esquizofrênico, este comportamento é "aceitável" porque temos uma ENTIDADE FUNCIONAL FICCIONAL QUE CONTROLA O COMPORTAMENTO DE VER NA AUSÊNCIA DE ESTÍMULO, neste caso a patologia.
   
   Falamos que o comportamento do portador de sofrimento mental justifica seus atos porque tendemos a MENTALIZAR comportamentos privados. Consideramos que eventos privados fogem das leis naturais por estarem em um campo intocável e imensurável, a mente. Nos casos de inimputabilidade, quando leio e vejo os discursos do advogado de defesa NOTO CLARAMENTE este discurso mentalista por via deles e pela população em geral. Claro que isso não tem nada a ver com esta classe do direito, estamos falando de uma expansão das bases da Psicologia Tradicional/Mentalista.

   Um sujeito que comete um delito de forma a apresentar um HISTÓRICO COMPORTAMENTAL mais claro (como no caso 1 do exemplo de Marcus, em que ele tem um histórico de "comportamentos socialmente inaceitáveis) é facilmente julgado pela relação funcional de seus comportamentos. Damos a ele uma INTENÇÃO de cometer o ato. Entretanto, nos esquecemos que TODO COMPORTAMENTO POSSUI UMA FUNCIONALIDADE e que ele apresentou tal comportamento diante de HISTÓRICO DE CONDICIONAMENTO.
 (Lembremos que mérito e culpa são intenções pessoais que damos aos organismos ao omitirmos seu histórico comportamental)

   Os comportamentos emitidos pelo Portador de sofrimento mental tem uma funcionalidade que é ignorada no discurso. Considerar esta funcionalidade não está vinculada a aplicar penalidades mais severas a estes sujeitos, mas sim a avaliar qual a MELHOR MEDIDA DE REABILITAÇÃO para os mesmos.

  Vejam bem: Comportamentos públicos e privados acontecem pelas mesmas leis que regem o comportamento. Uma ANÁLISE FUNCIONAL DO COMPORTAMENTO aplicada e OPERACIONALIZADA pode analisar a relação causal dos comportamento emitidos e assim elaborar uma intervenção verdadeiramente efetiva.

"Acho que compreendo seu posicionamento".

    Acredito que a Análise do Comportamento, embasado em sua filosofia científica, o Behaviorismo Radical, pode possibilitar medidas interventivas mais efetivas e mais críticas de fenômenos como este. Entretanto, tal contribuição seria mais efetiva se observarmos o fenômeno como ele realmente o é e deixar interpretações mentalistas.

    Não vou tomar um posicionamento pessoal sobre o caso do cara que matou seu professor. A necessidade de trazer este caso para aqui é somente de "reflexão". No sentido de avaliarmos se as medidas de julgamento que fazemos ou estamos envoltos tem uma base de confiança ou de credibilidade.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Inimputabilidade por Doença Mental [Parte 1]

    Como podem notar, fiquei um tempo longe da blogosfera. Acredito que isso tem um pouco a ver com final de período letivo e muito de "preguiça" para escrever algumas impressões por aqui. Mas, espero voltar a escrever com uma certa periodicidade novamente.
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Ah! E caso não tenham notado, agora coloquei a opção de SEGUIR no blog. Então, se não for pedir demais me sigam ai com o Google Friend Conect. É só clicar em "Participar deste Site". Beleza?
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    Um tema midiático que me ESTIMULOU a escrever esta postagem foi o caso do "Estudante que matou o professor e agora está em casa" (quem estava em um universo paralelo e não conhece o caso, clique AQUI e leia um pouco sobre). Meu foco e interesse pelo caso é sobre o conceito de INIMPUTABILIDADE, considerando COMPORTAMENTOS ENCOBERTOS (ou Privados) que, aparentemente parece ser ignorado por estas análises jurídicas. 

amilton

Hey Oh! Let's go..

O que é Inimputabilidade OU Incapacidade Penal?

    Se tiver algum estudante de Direito ou Profissional da área lendo isso agora, já deve estar pensando: "Puta Merda! O que esse moleque vai falar sobre esse assunto? Vai dar merda". Para evitar tal "merdice" vou deixar que o JusBrasil dê algumas opções de textos para os leitores AQUI . Ainda, para os leitores mais Audio-Visuais tem essa video-aula sobre a IMPUTABILIDADE e INIMPUTABILIDADE (o básicão pode ser visto até os 1:43, caso você não queira ver todo o video):

    E caso você ainda não esteja muito disposto para ver o vídeo e nem ler os artigos (considerando as férias, isso não é de se assustar), segue abaixo um pequeno trecho da video-aula referindo-se aos elementos que excluem a Imputabilidade Penal, ou seja, elementos que excluem a aplicação de Pena ao réu. Vejam só:
" A Imputabilidade Penal pode ser excluída, em primeiro lugar, pela Menoridade. Pode excluir a Imputabilidade Penal pela DOENÇA MENTAL, nos casos especificados no Art.26 do Código. E por fim, Doutores, vou excluir a Imputabilidade Penal por força da embriaguez pela via, eu me refiro apenas a Embriaguez Fortuita".

Comportamentos Encobertos ou Privados

     Podemos dizer de forma genérica que COMPORTAMENTOS ENCOBERTOS SÃO OS COMPORTAMENTOS QUE NÃO ESTÃO A MERCÊ DA OBSERVAÇÃO DE "TERCEIROS". Esses comportamentos são vivenciados pelo organismo e muitas vezes fogem de sua "consciência" (consciência aqui se refere ao estado vígil). Os conceitos mentalistas referentes a Pensamento, Imaginação, Criatividade, Mente, etc. são Comportamentos Encobertos. Reações Neurofisiológicas, endócrinas, etc. também o são.

   Os COMPORTAMENTOS ENCOBERTOS sofrem as mesmas leis dos comportamento que regem a classe de COMPORTAMENTOS PÚBLICOS (Andar, conversar, voar, etc). Sendo assim, eles são FUNCIONALMENTE idênticos.

Ok. Agora vamos aos casos de Inimputabilidade...

   
    A discussão que trago aqui se refere a Inimputabilidade da Doença Mental (o caso do rapaz que assassinou o Prof. de Educação Física) e a ela, e somente a ela, estarei me referindo daqui para frente. Lembrando também que as considerações que se segue referem-se a um conteúdo opinativo e não diz respeito ao posicionamento de NENHUMA CLASSE PROFISSIONAL ou GRUPAL.

    Em seu livro "Compreender o Behaviorismo" de Willian Baum, o autor traz um exemplo fantástico que se aplica muito bem ao fenômeno a que estamos observando (caso não conheça o livro, clique AQUI para fazer o Download da obra). Abaixo fiz uma adaptação do exemplo de Baum e coloquei um pouco de minhas habilidades inexistentes de dramaturgo. Vejam:

Marcus, O fio descapado e Repertório Comportamental


 Caso 1)      Essa é a casa dos pais de MARCUS. Ou melhor, era a casa dos pais de Marcus, já que ele não tem mais pais e nem seus pais teriam mais casa. Marcus foi encontrado fora desta casa com um barril de gasolina, um isqueiro e trancado em seu carro que não dava partida. Marcus era um cara que tinha muitos contatos, mas muitos destes o classificavam como sádico e violento. Já recebeu Boletim de Ocorrência (B.O) diversas vezes, mas nada disso o fazia "ficar na linha". O incêndio da casa de seus pais e a tentativa de fuga foi seus ápice (ou seria ópio?). Não foi difícil para a promotoria conseguir botar Marcus atrás das grades.

Caso 2)    Há 15 anos havia um fio descapado na casa dos pais de Marcus. Esse fio descapado estava fora do campo de visão dos pais de Marcus ou do próprio Marcus (a única pessoa que visitava seus pais), talvez porque o fio estivesse entre o gesso e o telhado ou porque ninguém nunca se preocupou com o que acontecesse naquele lugar. Há 8 anos esse fio descapado começou a "soltar" faíscas, que também eram imperceptíveis. Finalmente, nas últimas duas horas uma leve brisa deslocou faíscas para o colchão do casal, o que finalizou em um trágico acidente que matou os pais de Marcus. Marcus queria saber o que levou a morte de seus queridos pais. Após perícia, constatou-se que o motivo do incêndio foi uma má instalação feita nos primórdios da construção da casa. O caso foi encerrado como acidente por falhas técnicas e não houve culpados, a não ser o Fio Descapado.

Caso 3)     Marcus possuía um grupo grande de pessoas nas quais tinha contato social. Todos o definiam como uma pessoa tranquila e amável. Marcus trabalhava em um asilo e os velhinhos daquele lugar diziam que ele era um filho para eles. Marcus com trabalho duro comprou uma casa nova para seus pais e os deu uma quantia de dinheiro considerável para viverem o resto de suas vidas, ou pelo menos, pelo resto do ano. No trabalho, Marcus era referência e se dava muito bem com todos, inclusive já havia conseguido várias promoções e agora estava contente em ser um dos diretores da organização em que trabalhava. Mas, nem sempre o Sol brilha para àqueles que trabalham duro ou são amáveis, há vezes em que Deus faz jogos estranhos com a vida das pessoas. Foi deste jogo que na manhã do dia 10/10/2010, Marcus liga para a polícia e bombeiros pedindo ajuda. Ao chegarem lá, policiais e bombeiros ficaram chocados: Marcus estava com um barril de gasolina, um isqueiro e manchas de sangue pela roupa, relatava não se lembrar de nada e que queria ver seus pais. Os pais de Marcus foram encontrados carbonizados na casa nova, as manchas de sangue nas roupas de Marcus eram de seus pais. A perícia lamentou a dar o parecer: Os pais de Marcus foram esfaqueados antes da casa ter sido queimada. As evidências não podia estar erradas: Marcus esfaqueou seus pais e botou fogo na casa, inclusive na linda foto de seus pais o segurando no colo quando ainda era criança.  No Julgamento, os advogados de Marcus venceram o caso por INIMPUTABILIDADE POR DOENÇA MENTAL. Marcus ficou sobe vigilância jurídica pelo resto de sua vida e com uma dúvida cruel sobre os motivos que levaram sua mente a agir de tal forma. 
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   Vou dar uma de sensacionalista e terminar a análise em uma segunda parte. Algumas considerações ficarão melhor em uma postagem única. Além do mais, isso deixará o texto menos cansativo. OK?


segunda-feira, 21 de maio de 2012

Atendimento Psicológico On-Line

    Hoje na faculdade fui surpreendido com uma informação interessante: O CFP (Conselho Federal de Psicologia) aprovou desde 2005 (e eu só fui saber disso agora) o atendimento (utiliza-se uma diferenciação conceitual e técnica para ORIENTAÇÃO)  psicológico ONLINE.

    Segundo Rosa Farah, coordenadora do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática, "o objetivo [do atendimento online] é orientar e aconselhar a procurar ajuda de um profissional, se for o caso. Algumas pessoas só precisam de um acolhimento para seus problemas e não necessitam de um trabalho mais próximo".

   Os ATENDIMENTOS PSICOTERÁPICOS, conforme Resolução 012/2005 devem ser de caráter experimental e, consequentemente, gratuitos. Enquanto que demais serviços como 

    Para os demais serviços vale destaque os Artgos 6º e 8º da referida resolução:
Art. 6º. São reconhecidos os serviços psicológicos mediados por computador, desde que não psicoterapêuticos, tais como orientação psicológica e afetivo-sexual, orientação profissional, orientação de aprendizagem e Psicologia escolar, orientação ergonômica, consultorias a empresas, reabilitação cognitiva, ideomotora e comunicativa, processos prévios de seleção de pessoal, utilização de testes psicológicos informatizados com avaliação favorável de acordo com Resolução CFP N° 002/03, utilização de softwares informativos e educativos com resposta automatizada, e outros, desde que pontuais e informativos e que não firam o disposto no Código de Ética Profissional do Psicólogo e nesta Resolução (...)
  Art. 8°. É permitido aos psicólogos que prestam os serviços indicados no Art. 6° desta Resolução a cobrança de honorários desde que se respeite o Art. 20 do Código de Ética Profissional do Psicólogo que veda a utilização do preço como forma de propaganda.  

  As posições de prol e contra sobre o progresso desta modalidade divergem (pelo menos foi o que notei nitidamente em sala de aula hoje, hehe), mas uma coisa é inegável: TODO PROCESSO QUE GERA BENEFÍCIOS À POPULAÇÃO E ESTÁ EMBASADO EM UM PRESSUPOSTO TEÓRICO-CIENTÍFICO E NA ÉTICA É DIGNO DE INVESTIGAÇÃO.

    A tecnologia progride de forma considerável todos os dias e a Psicologia, enquanto CIÊNCIA e PROFISSÃO, pode (ou melhor, deve) se adaptar a essas novas modalidades da contemporaneidade.


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Indicações de leitura (clique na matéria destacada em azul):
Atendimento Psicológico online já é realidade no Brasil (reportagem do site de Notícias-Tecnologia da UOL).
Resolução CFP 012/2005 (sobre as atribuições do psicólogo enquanto prestador desta modalidade de serviços experimental)

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Luta Antimanicomial: Uma análise além do apelo emocional

    Se você é acadêmico de Psicologia já deve estar sendo bombardeado por eventos, textos, panfletos, videos, etc sobre o movimento de reforma psiquiátrica conhecido como LUTA ANTIMANICOMIAL. Mas, se você não está por dentro da história da saúde mental ou não é acadêmico de Psicologia, provavelmente, ficou um tempinho se esforçando para ler a palavra antimanicomial e ficou com uma curiosidade mínima sobre o assunto (Não se preocupe se você leu a palavra e a repetiu algumas vezes, particularmente, quando ouvi a primeira vez eu a repetia e ria por me parecer um trava-linguas, hehe).

    Esta postagem objetiva apresentar o que é a Luta antimanicomial, os "mecanismos" envolvidos nos antigos manicômios e a proposta desta reforma (de modo superficial, já que materiais sobre esse movimento é de fácil acesso). Se você é acadêmico deve estar pensando que esta postagem será mais um clichê falando da necessidade de tratamento humanitário para com os PORTADORES DE SOFRIMENTO MENTAL, entretanto, já os adianto: NÃO, não o é. Minha intenção com essa postagem é que leitor tenha uma visão dos elementos envolvidos sem nenhum apelo emocional em prol da luta. Se querem saber meu interesse implícito para com essa postagem, eu explico: Ficaria contente se você lesse essa postagem, pesquisasse mais sobre o assunto e desse um parecer CONTRA OU A FAVOR independente do movimento tendencioso e exclusivo do ser a FAVOR por ser a FAVOR. Se é contra a luta: tenha argumentos válidos, se é favorável: tenha argumentos válidos.

Dentre os tratamentos utilizados em um período
arcaico da psiquiatria, estava a lobotomia.
    A Luta Antimanicomial é resultado do II Congresso Nacional do Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM) acontecido em 1987. A proposta é basicamente conscientizar a população sobre as mudanças no tratamento do portador de sofrimento mental (usaremos a sigla PSM para esta classificação) e militar em prol  de políticas públicas coerentes com  Projeto de Lei 3.657/89 , conhecido como Lei Paulo Delgado. Caso queira saber mais detalhes de forma simples sobre a história da psiquiatria no Brasil, o MTSM e a Luta antimanicomial, clique AQUI.

    Deve-se deixar claro aqui que a Psiquiatria MUDOU CONSIDERAVELMENTE neste período de mais de 20 anos. Essas mudanças, provavelmente, são decorrentes de um análise de resultados, apelos político-sociais e progresso natural de métodos de tratamento (acho válido que dê uma olhadinha no site da ABP e analise os conteúdos da Psiquiatria moderna brasileira). Faço necessário essa colocação, considerando que uma crítica inconsistente que ouço em eventos na semana da Luta Antimanicomial é a de direcionar o alvo de falhas e de erros no tratamento do PSM na psiquiatria e/ou no TRATAMENTO MÉDICO (tanto que um nome alternativo para luta antimanicomial é o de MOVIMENTO DE DESPSIQUIATRIZAÇÃO).

    INSISTO: Em 20 anos MUUUUUUITA coisa muda.

Agora, vamos aos elementos que tornam o MODELO INSTITUCIONAL do manicômio ineficiente...

Hey Oh! Let's Go.


    Aposto que essa imagem externa do Manicômio de Barbacena em 1938 chocou muita gente que esperava ver um local todo f*****. Não é de se estranhar a surpresa: A maioria das pessoas são apresentadas imagens da instituição quando os objetivos institucionais FRACASSARAM.

     Lidar com postulações de INTENÇÕES do organismo ou grupo, como é o caso de nossa discussão aqui, é uma tentativa que costuma fracassar por: a) não temos acesso à comportamentos privados dos organismos e b) normalmente quando estabelecemos intenções, estamos apresentando mais sobre nossas "impressões" do que um método dedutivo. Então, só irei apresentar em tópicos os objetivos manifestos das instituições manicomiais:

1) Retomada dos comportamentos padrões do PSM;
2) Evitar que os comportamentos desadaptativos do PSM prejudiquem a maioria populacional;
3) Análise e estudo do comportamento destes sujeitos;
4) Gerenciamento de medidas e técnicas para estabilização de comportamentos bizarros;
5) Minimização de um "estado desconfortável" do sujeito e maximização do estado de saúde, enquanto conceito referente à comportamentos padrões comparado com a média.

     Uma proposta boa? Era realmente o interesse dos órgãos financiadores e políticos detrás disso tudo?
NÃO SEI. Mas, o ponto aqui e, diria que se tornou o ponto central desta postagem é apontar possíveis motivos do FRACASSO DO MODELO MANICOMIAL e não apresentar apelos emocionais sobre os tratamentos que aconteceram nos manicômios.

Os manicômios e suas falhas

Esse tipo de imagem que o pessoal está acostumado a ver:
os objetivos institucionais fracassados.
     Não sou um especialista na área, mas arrisco apontar algumas falhas visíveis no antigo modelo institucional do manicômio. Poderia ser mais minucioso nas postulações, mas isso delongaria a postagem e a tornaria mais cansativa.

a) Conceitos e classificações ineficientes (saúde). Conceitos e classificações são possibilidades de compreensão de fenômenos. O modelo manicomial ao utilizar a definição de saúde como comportamento comparado a média, ignorou um fator fundamental: TODO COMPORTAMENTO TEM FUNÇÃO VITAL para o organismo. Uma análise que objetiva reconhecer os comportamentos bizarros de um sujeito deve considerar essa premissa para alcançar eficiência e assertividade. 
    Nos manicômios, pacientes com diferenças substanciais nos padrões de comportamento eram instalados de forma unificada, provavelmente, havia o risco de confusão nos tratamentos, gerenciamento de medicamentos e atendimento por generalização. Ou seja, pacientes que foram institucionalizados por abstinência de álcool poderiam ser confundidos com pacientes com sintomas "maníacos" e receber tratamento incompatível. Resultado: Sintomas acentuados por falta de atendimento ou repetição de determinados procedimentos.
    Se os pacientes do manicômio apresentava todos comportamentos fora do padrão, todos eles podem ser tratados sobre a mesma premissa.

b) Alienação. O conceito de alienação utilizado pela AC é o de "organismo inerte as contingências". Os PSM ficavam muitas vezes "dopados". Não discriminavam estímulos OU por excesso de medicamentos OU por não ter possibilidades de encarar novas contingências. Resultado: Considerando que o organismo não precisava de adaptar à novas contingências, o sujeito vivenciava o "ócio".

c) Falta de treinamento para técnicos de gerenciamento do comportamento. Na ausência de profissionais de nível superior são treinados técnicos para gerenciamento do comportamento do grupo. Um exemplo de medidas de gerenciamento e treinamento de técnicos é a ECONOMIA DE FICHAS. Os técnicos, no caso dos manicômios, poderiam ser os enfermeiros ou voluntários, estes poderiam ser treinados para medidas de gerenciamento de comportamento e sobre os danos graves que aconteceriam no má gerenciamento por parte deles.

d) Ambiente físico inadequado e aversivo para população e funcionários. Devido ao má gerenciamento ou de condições financeiras suficientes, o ambiente físico se tornava "desagradável" para a população e aversivo para o repertório de comportamento "trabalhar eficientemente e ser reconhecido". Os problemas desse ambiente poderiam (já que não tenho dados para afirmações) fazer com que a população se desinteressasse por completo pela instituição (lembrando que o ambiente já era aversivo para a população ao longo da história devido a GENERALIZAÇÕES INDEVIDAS/estereótipos) e os funcionários fizessem do trabalho naquela instituição um mero ganha pão sem valor (situação similar é o que acontece gradativamente com o setor educacional).

e) Similaridades com o ambiente prisional. Em postagens anteriores em que falo sobre problemas no sistema prisional (aqui e aqui), apresento alguns pontos que tornam este sistema ineficiente. No sistema manicomial os mesmos pontos são verdadeiros e gritantes. Particularmente, acredito que se o sistema manicomial ainda estivesse em funcionamento como há mais de 20 anos atrás, ele seria muito parecido com o sistema prisional. A única diferença é que o CONTRA-CONTROLE não é, até onde tenho conhecimento, exercido nas instituições manicomiais.


Cena do filme "ÓPIO, diário de uma louca. Recomendo o filme.

    Acho válido encerrar essa postagem informando que esses pontos apresentados são uma tentativa particular em apresentar alternativas significativas que validem a ideia da luta antimanicomial, sem utilizar de apelos emocionais. Também é válido dizer que a proposta inicial da postagem ainda se mantem firme: se informe sobre o assunto e, independente se seu posicionamento é a favor ou contra: tenha argumentos válidos para tal.
    Apresentação de modelos para o tratamento do PSM também são válidas, mas não cabem para os objetivos teóricos desta postagem.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Falácias na argumentação: Uma ênfase na Psicologia

 
    Nesta postagem focarei mais em situações acadêmicas da PSICOLOGIA (me refiro aos exemplos), embora o tema tratado aqui seja válido para quaisquer ÁREAS DO CONHECIMENTO ou DISCUSSÕES que objetivam seguir a LÓGICA.

     Primeiramente, acho válido apresentar o que são FALÁCIAS e a importância de se policiar para não emiti-las, visto que elas podem DESCREDIBILIZAR sua argumentação e, pior, pecar contra a HONESTIDADE INTELECTUAL. Ainda neste primeiro momento, acho pertinente apresentar o texto que me ESTIMULOU a fazer esta postagem.

    Vou deixar que Luis Alberto WARAT (1984) fale sobre o que são falácias não-formais em um trecho de seu artigo "Técnicas Argumentativas na prática jurídica":

"(...) os lógicos usam a expressão “falácias não formais” para se

referirem aos raciocínios desprovidos de rigor lógico. Ou seja, ao conjunto
de afirmações obtidas transgredindo ou não considerando devidamente as
regras de derivação de um raciocínio lógico estrito".
    Para fins didáticos, utilizarei somente o conceito de FALÁCIAS,  referindo-se a essas falácias  que estão desprovidas de rigor lógico. Caso se interesse, para LER ou FAZER O DOWNLOAD do artigo do Warat, basta clicar AQUI.

    O texto que me estimulou a fazer essa postagem é a postagem no blog Psicológico intitulada "Teorias na Psicologia: quanto mais complexas melhor?". Nesta postagem, Felipe Epaminondas apresenta um problema de argumentação muito comum na Psicologia que é a crença de que as teorias de explicação do comportamento humano devem ser mais complexas que as demais explicações de fenômenos naturais. Em um texto curto e direto, Felipe defende que esse ESTEREÓTIPO é um tanto quanto errôneo. A postagem em si já denuncia uma falácia comum no ambiente acadêmico da Psicologia: Quanto mais incompreensível é um evento, maior é o nível de veracidade.

    Caso queira ler a postagem, na qual RECOMENDO MUITO, é só clicar aqui.

    Acho válido conhecer essas falácias e exemplos, porque muitas vezes nem nos damos conta de que estamos as usando e somos levados pelo "calor da emoção", sem nos comprometer verdadeiramente com o objetivo central da discussão: A divulgação e troca de conhecimentos. Além do mais, considerando que o ambiente acadêmico da Psicologia é marcado por constantes debates e discussões acerca de variados temas, conhecer tais falácias é uma ferramenta a mais para evitar contradições e erros lógicos gritantes.


Agora...

Hey Oh.
Let's Go!



Falácias e exemplos na PSICOLOGIA


Argumentum ad Hominem
Ao invés do argumentador provar a falsidade do enunciado, ele ataca a pessoa que fez o enunciado.
- "A análise do comportamento é insensível, e as pessoas que a defendem são frios e reducionistas".
- " A Psicanálise é prolixa, as pessoas que trabalham com essa abordagem não falam coisas com sentido".


Argumentum ad Ignorantium (argumento da ignorância)
Ocorre quando algo é considerado verdadeiro simplesmente pois não foi provado falso (ou provar que algo é falso por não ter provas de que seja verdade). Note que é diferente do principio científico de se considerar falso ate que seja provado que é verdadeiro.
-  O inconsciente existe, porque ninguém pode provar que ele não exista.


Argumentum ad Populum
Apelo ao povo. É a tentativa de ganhar a causa por apelar a uma grande quantidade de pessoas.

- A mente existe, porque todo mundo refere-se a ela em seus diálogos.

Argumentum ad Numeram
Semelhante ao "ad populum". Afirma que quanto mais pessoas acreditam em uma preposição, mais provável é a preposição de ser verdadeira.

- Considerando que há maior número de Psicanalistas no Brasil, ela é a abordagem mais coerente com a realidade.

Argumentum ad Verecundiam
Apelo a autoridade eminente [Essa é ótima. É a que mais vejo em TODOS OS CAMPOS CIENTÍFICOS, e na Psicologia não é diferente]

- Freud é o pai da Psicologia clínica, ele trabalhava com a Psicanálise e seus pacientes eram curados da histeria.
- Aaron Beck menciona sobre os pensamentos "desadaptativos", ele não pode estar errado. 

Dicto Simpliciter
Ocorre quando uma regra geral é aplicada a um caso particular onde a regra não deveria ser aplicada.

- Esquizofrênicos sempre emitem o comportamento de alucinar, Joana não alucinou, logo, ela não é esquizofrênica.

Generalização Apressada
É o oposto do Dicto Simpliciter. Ocorre quando uma regra especifica é atribuída ao caso genérico.

- As famílias, de modo geral, sempre possuem dentro de seu núcleo papéis estabelecidos como: bode expiatório, o sintoma, o segredo, o líder, etc.

Non causa pro causa / post hoc ergo propter hoc
Dois eventos ocorrem um após o outro. O primeiro é identificado como o causador do segundo quando não é o caso [Aqui mais outra fichinha muito comum]
- O simples fato de escutar alguém, já o cura de muitos de suas angustias. Marcos foi ouvido por um psicólogo e no dia seguinte estava mais calmo.


Cum hoc ergo propter hoc
Afirma que apenas porque dois eventos ocorreram juntos, eles estão relacionados.

- Sempre que começa o pôr do sol, os pacientes psiquiátricos apresentam comportamentos bizarros.

Petitio Principii
Ocorre quando as premissas são tão questionáveis quanto a conclusão alcançada.

- O tratamento com cromoterapia melhora a capacidade de concentração das pessoas, isso porque ela está relacionada com a recepção das 6 cores pelos poros do organismo.

Circulus in Demonstrando
Ocorre quando alguém assume como premissa a conclusão que se quer chegar [Por mais bizarro que esta falácia possa parecer, ela não é tão incomum quanto se pensa]
- Sabemos da existência do inconsciente porque as pessoas nem sempre sabem explicar sobre seus comportamentos. Se as pessoas não sabem explicar sobre seus comportamentos, o inconsciente controlou a ação.


Falacia da Pressuposição.
Questiona um fato assumindo um presuposto verdadeiro.
- Como os comportamentos podem ocorrer sem antes se passarem pela mente?


Ignoratio Elenchi
Ou Falacia da Conclusão Irrelevante. Consiste em utilizar argumentos válidos para chegar a uma conclusão que não tem relação alguma com os argumentos utilizados. [Acho que essa é o ápice da desonestidade intelectual. Vou até esforçar em apresentar exemplos que presenciei]

- As pessoas quando "distraídas" atravessam as ruas sem se notarem que um carro se aproxima. Isso ocorre devido á pulsão de morte que encaminha as pessoas na tentativa de auto-destruição.
- As pessoas relatam sentir dores de cabeça quando estudam demais. Isso ocorre porque a mente delas funciona rapidamente.
- Os seres humanos construíram casas, fazem arte, sabem se comunicar por palavras. Isso ocorre porque são MAIS EVOLUÍDOS que os demais animais.

Falacia de Composição
É o fato de concluir que uma propriedade das partes deve ser aplicada ao todo.

- As pupilas se dilatam na presença de um flash de luz (reflexo), logo, todo o organismo se comporta por ação reflexa.

Falácia da Divisão
Oposto da falácia de composição. Assume que uma propriedade do todo é aplicada a cada parte.

- Behaviorismo(s) só considera(m) o Estímulo-Resposta, logo, Análise do Comportamento e Behaviorismo Radical são reducionistas por delimitar tudo a S-R.

Slippery Slope
Este argumento diz que se um evento ocorre, então ocorrerá diversos outros eventos similares, sem prova que estes foram causados pelo primeiro evento.

- Se considerarmos que seres humanos estão sujeitos as mesmas leis naturais que os demais animais, também deveremos considerar que bater, matar ou colocar seres humanos em cativeiros é algo admissível. 
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Bifurcação
Tambem conhecida como "falácia do branco e preto". Ocorre quando alguém apresenta uma situação com apenas duas alternativas, quando de fato outras alternativas existem ou podem existir.
- Você é Psicanalista ou Behaviorista? 


Argumentum ad Antiquitam
Falácia que assume que algo é certo ou errado simplesmente por ser muito antigo, ou "pois sempre foi assim". [Um dos exemplos abaixo eu presenciei recentemente em uma discussão no Facebook e a outra em sala de aula]

- A Psicanálise é a mais velha, é a mais velha entre as abordagens existentes, não é necessário nem discutir sua validade.
- Não é necessário discutir isso com você, afinal, estamos falando de um conjunto teórico com um longo período de existência.

Argumentum ad Novitam
Oposto do ad Antiquitam. Assume que por algo é mais correto simplesmente por ser mais novo [É duro dar este exemplo, mas também já presenciei]

- A Análise do comportamento é uma ciência nova, logo, ela está mais coerente com a compreensão de ser humano.

Plurium Interrogationum
Ocorre quando se exige uma resposta simples a uma questão complexa.

- Está vendo? Você precisou explicar todos estes conceitos de tactos, mandos, auto-regras, etc. para explicar sobre o comportamento verbal, por que não assume de uma vez que isso é devido a formulação de representações mentais?

Reificação
Ocorre quando um conceito abstrato é tratado como coisa concreta.

- Existem diversas formas de controlarmos nossa mente, sabendo fazê-lo somos capazes de modificar o comportamento que quisermos.

Tu Quoque
Falácia do "mas você também". Ocorre quando uma ação se torna aceitável pois outra pessoa também a cometeu.
- Hey! Você está falando sem apresentar provas.

- E daí? Você também o fazia quando estava do nosso lado,

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A apresentação destas falácias foram embasadas neste material AQUI, a seleção dos que mais se aproximam com a realidade da discussão em Psicologia e seus exemplos foram selecionados por mim. Quaisquer dúvidas, sugestões, críticas e insultos fiquem livres para fazê-lo.

    

terça-feira, 15 de maio de 2012

Cisne Negro: Uma análise comportamental por Helio José Guilhardi [Download]

 

    Recentemente recebi de um amigo e aspirante a Ánalise do Comportamento um artigo, inicialmente, curioso e de fato, fantástico. Trata-se do artigo CISNE NEGRO: ANÁLISE COMPORTAMENTAL DE UMA TRAGÉDIA de Guilhardi.

    Guilhardi faz uma crítica sobre a visão generalizada das ANÁLISES MENTALISTAS de que Nina (personagem principal) sofre de um "surto psicótico". Enfim, o artigo é um material que é válido para COMPARTILHAMENTO ENTRE CINÉFILOS e/ou ASPIRANTES OU PROFISSIONAIS DA AC, já que apresenta UMA POSSIBILIDADE de compreendermos as obras cinematográficas por um olhar além do habitual.

   Ah, e ainda é válido para ESTUDANTES DE PSICOPATOLOGIA que necessitam apurar o SENSO DESCRITIVO E DE OBSERVAÇÃO de fenômenos nosológicos (patologias e sua classificações) ou pseudo-nosológicos.

Para baixar o arquivo em PDF clique AQUI!

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Trailer "Cisne Negro"

terça-feira, 8 de maio de 2012

A experiência da Prisão de Stanford





  
Quando se associa fatores filogenéticos, ontogenéticos e contingências
programadas: o ambiente carcerário.


   
     Recentemente, um colega de faculdade e amigo me indicou um FILME que de início me chamou muito à atenção pelo enredo e pelas cenas do trailer. O filme em questão era "The Experiment". Fiquei intrigado com o enredo do filme e com as rápidas cenas do trailer, mas a surpresa foi quando este meu colega falou sobre a base da obra cinematográfica: A EXPERIÊNCIA NA PRISÃO DE STANFORD.

    Diante disso, me senti na obrigação de escrever o mínimo sobre esse experimento que é válido para o pessoal interessado no ambiente prisional/carcerário e as alterações possíveis no COMPORTAMENTO humano.

O experimento 
"A nossa investigação, planejada para durar duas semanas, sobre a psicologia da vida prisional, teve que ser concluída prematuramente ao fim de somente seis dias devidos aos efeitos que a situação estava a provocar nos estudantes universitários que nela participavam. Ao fim de poucos dias os nossos guardas tinham-se tornado sádicos e os nossos prisioneiros deprimidos e com sinais de stress extremo".


    
     O experimento consistia no re-arranjo do ambiente acadêmico institucional em um ambiente com as mesmas variáveis do ambiente carcerário comum. Para tal, especialistas e ex-detentos foram convidados para ajudar na realização do ambiente experimental, fazendo com que este fosse o mais próximo da realidade possível. 

     Foram selecionados estudantes universitários que responderam ao anúncio-convite para a participação do experimento, posteriormente foram submetidos a ENTREVISTA CLÍNICA e TESTES PSICOLÓGICOS. Os selecionados eram 24 universitários do sexo masculino dos Estados Unidos e Canadá, estes receberiam 15 dólares por dia de experimento. A proposta era que a observação tivesse duração de 2 semanas.

    Os 24 universitários foram divididos em 2 grupos que foram estabelecidos por meio de sorteio. Um grupo teve como função COMPORTAR-SE como agentes carcerários, enquanto o outro grupo como detentos. O grupo de agentes deveria apreender e levar o grupo de detentos à prisão e realizar procedimentos que mantivessem a ordem da instituição fictícia. O interessante é que fizeram um re-arranjo tão fidedigno a realidade que viaturas, o flagrante, equipamentos e tudo o que tem direito na "vida real" foi providenciado, proporcionando com maior eficiência a GENERALIZAÇÃO das contingências reais às superficiais.

 

Da observação

    Como vou disponibilizar ao fim da postagem (em "Moral da História) o LINK DO SITE OFICIAL do EXPERIMENTO (disponível em vários idiomas, inclusive em português) vou adiantar a apresentação dos comportamentos observados.

     Os detentos, ao longo dos dias da experiência, (o experimento teve que ser abortado por motivos éticos e em prol da saúde dos envolvidos) começaram a ficar "deprimidos" e "submissos", além de apresentar tentativas de CONTRA CONTROLE por meio de uma rebelião. Alguns detentos também apresentaram taxas de frequência de comportamentos variáveis, desde COMPORTAMENTOS DESEJÁVEIS SOCIALMENTE, passando por "problemas dermatológicos psicossomáticos" (em determinadas situações, certos estímulos eliciam respostas que estão "inadequadas" as contingências até a inflação de regras básicas do experimento. Essas respostas "inadequadas" eliciadas, são o que, alguns psicodinâmicos chamam de manifestação psicossomática)

    Obviamente, o COMPORTAMENTO dos guardas também foi CONDICIONADO pelas CONTINGÊNCIAS experimentais. Estes por sua vez  "tornaram-se sádicos" (reforçados pela manifestação de sofrimento de outra pessoa), "extremamente autoritários" (abusavam das condições de controle) e com abuso de poder (controle de contingências extremamente reforçadoras para os guardas em detrimento de menor equidade destas contingências para os detentos / Tipo àquele conceito de justiça sendo burlado).


Moral da história
    
   NÃO, eu não vou contar os resultados do experimento. Podem me chamar de preguiçoso, mas faço isso para que vocês possam conferir na íntegra TODO O EXPERIMENTO e não saírem por aí falando que o experimento é desumano ou DEU ERRADO, como eu vi em muitos blogs que não se deram ao trabalho de ler todo o texto e nem de disponibilizar aos seus leitores.

Mas...

     Acho válido fazer alguns Levantamentos relevantes sobre a experiência

"A que contingências nosso comportamento é função?"
    Zimbardo (autor da pesquisa), posteriormente escreveu um livro chamado "O efeito Lúcifer". Esta obra provavelmente fala das etapas e procedimentos da experiência, associado à reflexões sobre a possível "natureza humana". Ela é boa? Ela é ruim? Ela é influenciável?. Bom, em todo caso, algo deve ficar claro TODO COMPORTAMENTO É ÚTIL PARA MANUTENÇÃO DA SOBREVIVÊNCIA. Ele não está lá por seguir um "instinto de bondade ou maldade", ele existe por SER FUNÇÃO e ter VALOR VITAL.

   Nesta experiência, destaca-se elementos que devem ser considerados em qualquer leitura deste processo. Alguns que me atentei ao ler sobre o experimento foram:

a) As contingências modelam o comportamento mais do que regras. Existiam várias regras que ambos os grupos deveriam seguir, entretanto, devido ao "gritante" das contingências, os grupos se comportaram regidos PELAS CONTINGÊNCIAS, enquanto as regras não foram suficientemente REFORÇADORAS ou AVERSIVAS para que controlassem o comportamento destes grupos;

b) O ambiente carcerário é reforçador para MUITOS profissionais "sádicos". Assim como muitas pessoas são reforçadas a ver cenas de assassinato de "criminosos" por uma generalização, profissionais que trabalham com a segurança das organizações carcerárias não estão "livres" desta generalização. Resultado: Agredir a população carcerária se torna extremamente reforçadora para profissionais mal treinados. Obviamente, em uma situação de Controle e total discrepância de equidade (relação igual entre duas partes), não é de se estranhar o surgimento de uma relação de contra-controle que perpetua por um longo período (se não for por toda a história do sistema carcerário) conflitos entre detentos e profissionais;

c) Pessoas não são boas ou más naturalmente. Elas simplesmente se comportam adequando-se as contingências. Muitos utilizam deste experimento para um questionamento sobre a "verdadeira natureza humana: boa ou ruim". Acho tal discussão prolixa e circular. A definição de bondade e maldade tem finalidades práticas e teóricas quando avaliamos sociedades isoladas em conformidade com a ética, se falamos de uma legitimidade e universalidade de uma espécie, definições por períodos e culturas isoladas caem no problema do reducionismo de informações;

d) Necessidade de mudança dos sistemas carcerários. Se considerarmos este experimento, associado ao referencial bibliográfico sobre o assunto, me pergunto o por quê de já não haver uma análise minuciosa do sistema carcerário em prol de um modelo mais efetivo e educativo?
 Não se trata de "dar moleza" aos detentos, mas sim de uma formulação mais eficiente de um problema que já é velho. Se conhece os erros gritantes deste sistema, no entanto, mantem-se o modelo tradicional. Acredito que a ANÁLISE DO COMPORTAMENTO tem um grande arsenal TEÓRICO-PRÁTICO a oferecer e uma possível reformulação deste sistema.



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Trailer do filme "The experiment" (Detenção - 2010):

Link do site da Experiência da prisão de Stanford para quem "não pegou" no decorrer do texto:http://www.prisonexp.org/portugues/

domingo, 6 de maio de 2012

O progresso nos estudos das Micro-expressões faciais


     As pessoas mais próximas de mim sabem de meu grande interesse por MICRO-EXPRESSÕES FACIAIS, assim como do estabelecimento de PADRÕES DE COMPORTAMENTO. 

     Esse meu interesse por padrões de comportamentos que pudessem estar relacionados com as EMOÇÕES aumentou consideravelmente quando conheci, superficialmente, o trabalho de Paul Ekman e Freitas Magalhães. O estudo das emoções e o estabelecimento de um PADRÃO entre COMPORTAMENTOS EMITIDOS e COMPORTAMENTOS ELICIADOS (Lembrando que comportamentos eliciados são os respondentes/pavlovianos, e estão ligados à contrações musculares, sistema endócrino, "valor de sobrevivência", etc) tem possibilidades de melhora na efetividade dos processos laborais em áreas como a forense, clínica e educacional. Considerando que estas áreas dependem, substancialmente, da compreensão dos comportamentos emocionais eliciados nos sujeitos.

    Diante disso, não poderia deixar de compartilhar com vocês o progresso dos estudos das MICROEXPRESSÕES FACIAIS pelo Dr. Armindo Freitas-Magalhães (psicólogo português que se destaca nos estudos das micro-expressões, mas especificamente o estudo das diferenças no sorriso) em uma entrevista para o canal português "Mentes que Brilham". 
        

terça-feira, 24 de abril de 2012

Esclarecimentos mínimos sobre Behaviorismo Radical e Análise do Comportamento

     Anteontem conversei com um acadêmico de licenciatura em Física. A conversa iniciou satisfatória (pelo menos para mim), ele me fazia perguntas sobre o BEHAVIORISMO RADICAL e eu apresentava meus conhecimentos de iniciante. Fiquei contente com a sua disposição... 
    Entretanto, logo ele me esclareceu que as perguntas se tratavam de um trabalho que ele estava fazendo. Disse a ele que eu era aspirante dessa teoria e a achava, dentre os modelos teóricos da PSICOLOGIA a que melhor se enquadrava com a METODOLOGIA CIENTÍFICA. Como resposta, obtive dele uma afirmação que já não me é estranha:


    Para mim, a teoria behaviorista é tirana e trata os alunos (como era um trabalho que tinha a ver com docência, usou-se aluno, mas a crítica usual é com o conceito de pessoas) como pessoas passivas que não podem agir livremente.

    Devolvi com uma resposta sobre  os mitos que o levaram a essa afirmação e disponibilizando meu e-mail e telefone para posteriores dúvidas que ele tenha sobre o assunto, caso queira conhecer a Análise do Comportamento e o Behaviorismo Radical sem preconceitos.

    Essa conversa serviu-me como estímulo para a criação de um texto básico em tópicos sobre MITOS e VERDADES sobre a Análise do Comportamento (AC) e sobre a filosofia que rege essa ciência, o Behaviorismo Radical (BR).

Let's go, então!

Curto demais colocar essas plaquinhas no
meu Facebook, agora veio para essa postagem.
Generalização?

a) O BR/AC não é uma ciência que estuda, exclusivamente, "ações que podem ser vistas". Existem comportamentos que só podem ser "acessados" por meio do relato do organismo. Esses comportamentos são chamados de ENCOBERTOS, é nesta esfera que estão os ditos "processos cognitivos".

b) O BR/AC não desconsidera as individualidades das pessoas. Ao realizar ANÁLISE FUNCIONAL DO COMPORTAMENTO e levantar o HISTÓRICO DE CONDICIONAMENTO do organismo/pessoa considera-se particularidades que estão ligadas a experiências individuais deste organismo. Diante disso é possível compreender os comportamentos emitidos (ou eliciados, no caso de comportamentos respondentes) pelo organismo, prever comportamentos futuros com maior assertividade e modificá-los.

c) O BR/AC não se limita a estudos e aplicabilidade com animais não-humanos. Apesar das bases científicas do BR/AC surgiram por meio de experimentos com animais não-humanos (ratos e pombos são os mais utilizados), considera-se aspectos EXTRA-ESPÉCIES, ou seja, características que estejam além de barreiras de uma espécie específica. Quando utiliza animais como os mencionados anteriormente, considera-se características comuns de todas as espécies ESPECTROS DA SOBREVIVÊNCIA (alimentação, água e sono) e ESPECTROS DA REPRODUÇÃO (contato sexual e defesa de prole) e todas essas características considerando fatores que devem ser olhados criticamente por questões FILOGENÉTICAS. Estes experimentos se assemelham com outras ciências que utilizam de animais não-humanos para experimentação de medicamentos (porcos e ratos são os mais comuns para esses fins),e como podem ver, as diferenças em tais experimentos são mínimas, dadas a análise crítica de fatores EXTRA-ESPÉCIES.

d) O BR/AC não ignora as "entre linhas". Muito comum ouvir de acadêmicos e profissionais que o BR/AC ignora as entre linhas dos relatos das pessoas, principalmente se tratando de contexto clínico. A verdade é que essa crítica desconsidera as ferramentas que o BR/AC utiliza para compreender o relato verbal. Os relatos do cliente/paciente são mantidos por meio de contingências, assim como demais comportamentos elas podem ser observadas e tradas como qualquer outro COMPORTAMENTO OPERANTE. Além do mais, uma análise funcional objetiva compreender que função determinado comportamento desempenha no organismo.

e) O objeto de estudo do BR/AC é o comportamento. Conceitos como mente, psique, etc. não explicam o comportamento, somente atribuem crédito a entidades sem comprovação científica, portanto, o BR/AC não utilizam destes conceitos.

f) O BR/AC não é Estímulo-Resposta. Essa relação E-R diz respeito a comportamentos respondentes (reflexos como a dilatação de pupilas diante de um flash de luz) e do início do Behaviorismo com sua vertente Metodológica (Behaviorismo Metodológico). No BR/AC, considerou-se a existência de elementos fundamentais para a ação do comportamento que dizem de uma ação discriminativa de estímulos, assim como outras características contingenciais de punição e reforço, por exemplo.


Bom, não haveria espaço para esclarecimentos sobre o Behaviorismo Radical e Análise do Comportamento em uma postagem de blog como este (até mesmo, porque eu ainda estou dando os meus primeiros passos, hehe), acho que um artigo daria conta para tal tarefa. Essa postagem, de caráter inicial, pode servir de ponto de partida para os que acabaram de conhecer sobre o assunto e estão presos por conceitos pré-estabelecidos sobre a teoria. Fica aqui algumas colocações de incentivo ao estudo da Análise Comportamental e a desmitificação de seu método.

PESSOAL DA EDUCAÇÃO,
 É sério. Conheçam mais sobre a Análise do Comportamento e suas implicações para a educação. ok?